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Filhos de Gisèle Pélicot estão 'decepcionados com sentenças baixas', diz membro da família

Segundo a fonte, que falou sob condição de anonimato, nenhum dos três quis falar com o pai após sua condenação a 20 anos de prisão por drogar Gisèle dur...

Filhos de Gisèle Pélicot estão 'decepcionados com sentenças baixas', diz membro da família
Filhos de Gisèle Pélicot estão 'decepcionados com sentenças baixas', diz membro da família (Foto: Reprodução)

Segundo a fonte, que falou sob condição de anonimato, nenhum dos três quis falar com o pai após sua condenação a 20 anos de prisão por drogar Gisèle durante uma década para estuprá-la com dezenas de desconhecidos. Caso Gisèle Pelicot: francês que dopava a esposa para estupros é condenado Os filhos de Gisèle Pélicot ficaram decepcionados com as sentenças impostas aos 51 réus acusados de estuprarem sua mãe - incluindo a do pai, Dominique Pélicot, condenado à pena máxima de 20 anos -, nesta quinta-feira (19). Segundo um membro da família, que pediu para não ser identificado, nenhum dos três filhos do ex-casal quis falar com o pai após sua condenação. "Os filhos estão decepcionados com as sentenças baixas de entre 3 e 20 anos de prisão, abaixo dos pedidos do Ministério Público", afirmou. Durante todo o julgamento, que durou mais de três meses, os filhos - David, Florian e Caroline - estiveram ao lado da mãe, Gisèle. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Gisèle Pélicot, ao centro, ao lado dos 3 filhos e da nora, de branco Christophe SIMON / AFP A filha, inclusive, também foi alvo da conduta criminosa do pai, que também tinha fotos suas sem roupa em seu computador. Ao depor no julgamento, ela afirmou, às lágrimas, que Dominique era "um dos maiores criminosos sexuais dos últimos 20 anos". O francês também tinha fotos das noras nuas. As duas também deram depoimento e contaram que toda a família estava preocupada com os possíveis crimes cometidos por ele contra os sete netos. Ex-marido de Gisèle Pelicot e outros 50 réus são condenados por caso de estupro em série O fim do julgamento Dominique Pelicot, o homem acusado de drogar a ex-mulher para estuprá-la com estranhos, foi condenado a 20 anos de prisão, pena máxima, pela Justiça da França nesta quinta-feira (19). O julgamento ganhou repercussão internacional após a vítima, Gisèle Pelicot, tornar o caso público. Ele foi considerado culpado pelo tribunal em todos os crimes pelos quais foi processado. O homem era acusado de estupro agravado contra Gisèle e outros crimes relacionados, como ter sedado a esposa, tê-la entregado a dezenas de homens para estupros filmados, e também por ter filmado sua filha, Caroline Daian, e sua enteada nuas. "Senhor Pelicot, em relação ao conjunto dos fatos, o declaramos culpado de estupro com agravantes", declarou o presidente do tribunal de Avignon, Roger Arata. Todos os outros 50 réus acusados de estuprar Gisèle também foram considerados culpados pelo tribunal francês. As condenações anunciadas para esses homens variaram entre três e 15 anos de prisão, abaixo dos pedidos pelo Ministério Público francês, em média. Não houve nenhuma absolvição. Veja quem são esses outros 50 homens. Após o veredito, a advogada de Dominique Pelicot, Beatrice Zavarro, afirmou que o homem está considerando recorrer da condenação. Durante o julgamento, ele havia se declarado culpado pelos crimes dos quais foi acusado. Dominique, assim como os outros 50 réus, têm até 10 dias para apresentar recurso à Justiça. Dos 50 réus, a pena mais leve, de três anos de prisão, sendo dois com liberdade condicional, foi aplicada a Joseph C., de 69 anos, acusado de agressão sexual contra Gisèle Pelicot. A mais severa, de 15 anos de detenção, foi de Romain V., de 63 anos, que estuprou Gisèle em seis ocasiões diferentes. As penas dos outros 50 réus foram consideradas abaixo do esperado pela imprensa francesa, havendo uma "clara" diferença para a de Dominique. Segundo o jornal "Le Monde", ativistas feministas que assistiam à sessão manifestaram decepção e gritaram "vergonha para a Justiça" ao final da leitura das penas contra os 51 acusados. Um grande público compareceu à frente do tribunal na manhã desta quinta para acompanhar o anúncio da sentença. Os apoiadores da vítima soltaram gritos de celebração quando as notícias dos primeiros vereditos começaram a circular. Manifestantes favoráveis a Gisèle Pelicot do lado de fora do tribunal em Avignon, no sul da França, com cartaz escrito "A culpa muda de lado" em 19 de dezembro de 2024. REUTERS/Alexandre Dimou O julgamento começou no dia 2 de setembro em Avignon, no sul da França. Segundo a acusação, Dominique dopou a mulher durante 10 anos e convidou mais de 70 homens para estuprá-la. Ao todo, quase 200 estupros foram registrados. Entenda mais sobre o caso aqui. O réu e a vítima foram casados por 50 anos. Gisèle só descobriu os estupros após Dominique ser preso em 2020 por ter importunado sexualmente três mulheres em um mercado. À época, a polícia mostrou para Gisèle fotos e vídeos encontrados no computador de seu marido nos quais ela aparecia sendo estuprada por diferentes homens. Ao longo dos três meses e meio de audiência, Dominique confessou o crime e pediu perdão à família. Outros 50 homens, que também são réus no caso, também prestaram depoimento. Alguns afirmaram que não sabiam que Gisèle havia sido drogada. LEIA TAMBÉM: 'Que a vergonha mude de lado': Gisèle Pelicot, de sobrevivente de estupros em série a ícone feminista Como francesa drogada pelo marido para ser estuprada por dezenas de homens se tornou símbolo de luta 'Duas caras', 'manipulador': psicólogos traçam perfil de francês que confessou dopar esposa para que ela fosse estuprada Os crimes Gisèle Pelicot compareceu a quase todas as audiências do julgamento iniciado em setembro Reuters Durante o julgamento, Dominique Pelicot admitiu que dava para Gisèle doses de tranquilizantes sem que ela soubesse. Para isso, ele misturava os medicamentos na comida e na bebida. Depois, em um site de encontros da França, ele convidava outros homens para estuprá-la. De acordo com as investigações, Dominique pedia para que os homens não acordassem Gisèle. Além disso, os estupradores tiravam a roupa na cozinha, para evitar que elas fossem esquecidas no quarto do casal. "Assisti a todos os vídeos. Não são cenas de sexo, são cenas de estupro. Dois, três deles sobre mim. Fui sacrificada no altar do vício", disse Gisèle durante uma entrevista em setembro. O processo aponta ainda que Dominique participava dos estupros e filmava os crimes. Ele não pedia dinheiro em troca. Ao longo de 10 anos, mais de 70 homens com idades entre 21 e 68 anos participaram dos estupros. Destes, 22 não foram identificados. Alguns dos acusados afirmaram que não sabiam que a vítima estava drogada e alegaram que pensavam estar participando de uma fantasia sexual do casal. Por outro lado, Dominique disse que todos sabiam que a mulher estava inconsciente. Entenda mais sobre o caso aqui. O julgamento Dominique Pelicot compareceu ao tribunal nesta quarta, visivelmente fraco Benoit PEYRUCQ / AFP O julgamento de Dominique Pelicot começou no dia 2 de setembro, em Avignon, no sul da França. Durante as audiências, Caroline, filha dele, também descobriu que o pai guardava fotos dela nua. Segundo a imprensa local, ao saber das imagens, Caroline abandonou a sala de audiência tremendo e chorando. Ela foi amparada pelos dois irmãos e só retornou 20 minutos depois. As fotos em questão foram encontradas no computador de Dominique, em uma pasta com o nome “Em volta da minha filha, nua”. Dominique negou que tenha drogado e estuprado a filha. No entanto, Caroline disse à imprensa francesa que duvidava do pai. Outro caso que chamou a atenção durante as audiências foi o relato de Jean-Pierre Marechal, um amigo de Dominique. Ele disse que copiou o método usado pelo acusado para estuprar a esposa. Durante o depoimento, Marechal afirmou que Dominique também estuprou a esposa dele. Ele disse estar arrependido do crime. O amigo do acusado também se tornou réu no caso, apesar de não ter abusado de Gisèle. Sentença Gisèle Pelicot deixando tribunal REUTERS/Antony Paone Na última audiência do julgamento, na segunda-feira (16), Dominique pediu perdão à família e disse que admirava a coragem que Gisèle teve para tornar o caso público. "Todos aqui, apesar da presunção de inocência, são culpados, assim como eu", disse. A promotora Laure Chabaud pediu a pena máxima possível por estupro agravado. Se a Justiça acatar o pedido, Dominique pode ser condenado a 20 anos de prisão. A maioria dos outros 50 réus também é acusada de estupro agravado. A promotoria pediu penas entre 10 e 18 anos de prisão para os investigados. Os demais réus também tiveram oportunidade de falar no último dia de audiências. Alguns voltaram a pedir desculpas para Gisèle, enquanto outros negaram os crimes. VÍDEOS: mais assistidos do g1