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Trump processa jornal por publicar pesquisa que errou em resultado das eleições

Batalha em tribunais delineia como a relação hostil de presidente eleito com a mídia tradicional se intensificará no segundo mandato. Juiz de Nova York neg...

Trump processa jornal por publicar pesquisa que errou em resultado das eleições
Trump processa jornal por publicar pesquisa que errou em resultado das eleições (Foto: Reprodução)

Batalha em tribunais delineia como a relação hostil de presidente eleito com a mídia tradicional se intensificará no segundo mandato. Juiz de Nova York nega pedido para anular condenação criminal de Trump A cruzada vingativa empreendida por Donald Trump contra a imprensa já se faz presente e atuante, a um mês de sua reestreia na Casa Branca. Ele está processando o jornal “The Des Moines Register”, de Iowa, e a respeitada pesquisadora de opinião Ann Selzer por "interferência descarada nas eleições". Três dias antes do pleito, em 2 de novembro passado, o jornal publicou a pesquisa Selzer, que, num resultado surpreendente, indicava a vitória da democrata Kamala Harris no estado, por uma vantagem de três pontos sobre o republicano. No fim das contas, Trump venceu em Iowa, com diferença de 13 pontos. Mas o presidente eleito expressou, com uma briga judicial, sua raiva contra o entusiasmo gerado pela pesquisa entre os democratas. Ele alega que a sondagem não estava apenas errada, mas foi fabricada com intenção maliciosa. “Custa muito dinheiro fazer isso, mas temos que endireitar a imprensa. Nossa imprensa é muito corrupta, quase tão corrupta quanto nossas eleições”, avaliou Trump, na segunda-feira, em entrevista coletiva. Sem apresentar evidências, a equipe do presidente eleito responsabiliza o jornal e a pesquisadora, que se aposentou após as eleições, por obrigarem os republicanos a desviarem verbas e tempo da campanha para um estado que não oferecia riscos. “Os réus e seus companheiros no Partido Democrata esperavam que a pesquisa criasse uma falsa narrativa de inevitabilidade para Harris na semana final. Em vez disso, a eleição de 5 de novembro foi uma vitória monumental para o presidente Trump tanto no Colégio Eleitoral quanto no voto popular, um mandato esmagador para seus princípios doAmerica First e a consignação da agenda socialista radical à lata de lixo da história”, alegam, no processo, os advogados do presidente eleito. A ação judicial vai de encontro à Primeira Emenda da Constituição, que assegura aos americanos o direito à liberdade de expressão. Por isso mesmo, segundo especialistas, tem poucas chances de produzir resultados concretos. Trump foi eleito a pessoa do ano de 2024 pela revista 'Time'. Reprodução/Time “Se jornais e empresas de pesquisa forem processados por "práticas enganosas" porque publicam histórias e resultados de pesquisas que os políticos não gostam, os direitos da Primeira Emenda estão ameaçados. Errar em uma pesquisa não é interferência eleitoral ou fraude”, afirma a Fundação para os Direitos Individuais Expressão (Fire, na sigla em inglês), em sua página no X. Trump costuma zombar de jornalistas e mantém uma relação hostil e conflituada com os veículos de comunicação. Tem por hábito referir-se às redes CNN, ABC, CBS e NBC como território inimigo e relatar claramente a preferência pelas mídias sociais. Há outros precedentes delineados nesta campanha intensificada pelo presidente eleito contra a mídia tradicional. No mês passado, ele processou a CBS, alegando que a entrevista feita em outubro com Kamala Harris, no programa “60 Minutes”, foi editada para apresentá-la de forma positiva. Trump fechou esta semana um acordo com a ABC News, no qual a empresa terá que pagar US$ 16 milhões em um caso de difamação contra a rede e o âncora George Stephanopoulos. O apresentador disse, numa entrevista, que Trump havia sido considerado responsável por estupro da escritora Jean Carroll, quando o júri anteriormente o acusou como responsável por abuso sexual. A ABC terá que pedir desculpas por isso e arcar com os honorários do processo. As batalhas judiciais demarcam e anteveem um novo capítulo na relação de Trump com a mídia neste segundo mandato. O risco para os americanos é que copie a cartilha de aliados autoritários que asfixiam a liberdade de expressão e perseguem jornalistas somente quando não lhes convêm.